Raposas e rapazes...

"Ofereci-te muitos presentes, mas nunca o Princepezinho, o melhor manual do entendimento humano que já li. Estamos lá todos, em forma de pessoas, flores e animais. E eu sou a raposa que gosta de caçar coelhos e foge dos caçadores. A mesma que explica ao princepezinho o que é o amor. E como o amor vive do sonho, da espera, da dedicação e finalmente da aceitação. (...) Pensei que juntos podíamos mudar as nossas vidas. Depois percebi que tinha sonhado alto demais e que isso nunca iria acontecer. Afinal por mais admiração e desejo que tenhas por mim, não andas à procura de nada, já desististe de arriscar(...) Podias ter aprendido a ser feliz, mas ninguém teve tempo ou paciência para te ensinar.(...)

Por isso já decidi: a próxima vez que estiver contigo, vou arriscar tudo por tudo.(...) Vou pedir-te que fiques comigo e que mudes de vida.Vou dar-te a tua última oportunidade.(...) Mas se recusares o meu amor, ou o voltares a meter dentro da mesma caixa, é porque já me perdeste para sempre.(...)

Se for o caso, compra o Princepezinho, vais descobrir muitas coisas boas com ele e nunca mais vais deixar de me ver nele, com cara de raposa, meia matreira, meia carente, a fazer-te rir com os meus disparates a pensar com as minhas palavras. E sempre que olhares para a lombada do livro da tua instante, vais pensar que cometeste o maior erro da tua vida, porque o amor aparece tão poucas vezes na vida de qualquer mortal, que quem o recusa, não volta a merecê-lo.

Só se vive uma vez, mesmo quando se adia a vida por nenhuma razão, apenas por medo de ser feliz."

Margarida Rebelo Pinto in Jornal de Notícias

25 de Junho de 2006